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Zona Mundi

maio 6, 2009

http://www.clikfesta.com/coberturas/zonamundi170409/grandes/1.JPGFoto: Joca Moreira

Dia 16 e 17 de abril de 2009 facilitei uma oficina sobre softwares para processamento em tempo-real de som e imagem no evento Zona Mundi em Salvador. Sexta-feira à noite usamos o ViMus nas projeções e na primeira parte do show de Ramiro Musotto e alguns trechos do show da Radio Mundi.

Foi uma felicidade muito grande pra mim participar desse evento. Primeiro pelos novos amigos que fiz, tanto na oficina que facilitei quanto na de Ramiro Musotto e durante o show. Foi um evento em que plantamos muitas sementes.

O projeto idealizado por Vince Athayde está sendo realizado através de um edital do governo do estado da Bahia. Os artistas recebem cachês, o que é raro, por incrível que pareça, neste tipo de evento. A entrada era franca, inclusive nas oficinas. Houveram alguns atrasos na oficina principalmente por causa de problemas de trânsito e no show por causa da chuva na passagem de som, mas não chegaram a prejudicar o evento.

Na oficina falei basicamente do ViMus e do Pure Data, tentando mostrar o computador aos artistas como mais uma possibilidade de “linguagem”. Os participantes da oficina (cerca de vinte) eram de várias áreas: muitos da dança, teatro, vídeo-arte, alguns músicos, estilista, alguns designers, produtores de eventos.

Em alguns momentos creio que a oficina tenha sido um pouco “pesada” principalmente por que esse tipo de tecnologia ainda é novidade para todos nós. Mesmo que já se faça arte com sistemas computacionais de tempo-real desde a década de 70, apenas na década de 90 essa área começou a se popularizar. Por tanto a estranheza ainda é natural. Felizmente o pessoal se motivava à medida em que mostrava os resultados que podemos obter enfrentando, como diria o professor Etienne Delacroix, essa “dureza” da máquina, neste caso, a dureza dos softwares de tempo-real.

Alguns participantes tiveram idéias de instalações e a maioria demonstrou muito interesse em estudar mais sobre o assunto. Espero reencontrá-los em breve.

Aproveitei para participar também da oficina de Ramiro Musotto e fiquei impressionado. Tomara que ele venha fazer essa oficina em Recife. Um dos assuntos que mais me chamou atenção foi o estudo que ele vem fazendo do que chama de “micro ritmo”. Esse estudo começou quando ele percebeu os pequenos atrasos e adiantos de notas que existem na hora que os músicos executam células ritmicas do samba-reggae, por exemplo. Esses detalhes do ritmo são difíceis de serem escritos em partituras assim como programados em bateria eletrônica. Me lembrou esse estudo do cientista Fabien Gouyon que conheci no Simpósio Brasileiro de Computação Musical de 2007 em São Paulo. Acho que uma conversa entre os dois renderia muito.

Sexta à noite foi o dia de celebrar o encontro. Depois da chuva na passagem de som me emocionei com o som da orquestra de berimbal de Ramiro virando vetores de OpenGL projetadas nas telas em cima da banda; com o pessoal da oficina se divertindo com a webcam e o ViMus; com as projeções de Ramiro de vídeo de crianças dançando na rua; e depois com a apresentação viceral da Radio Mundi, que no início teve a imagem dos músicos capturada e projetada através das lentes do VJ Kamikaze. Espero reencontrar todos em breve.

Axé!